terça-feira, 22 de agosto de 2017

Encerrando Ciclos

            Embora haja uma discussão que a autoria da produção escrita seja de Fernando Pessoa ou Paulo Coelho, temos a informação de que a verdadeira autora é a colombiana Sonia Hurtado- com o título original de “Cerrar Ciclos”, ou seja, fechar ciclos, eis o que ela nos passa de mensagem:
            Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistimos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido de outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
            Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
            Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
            A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicação?
            Você pode passando muito tempo se perguntando por que isso aconteceu? Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
            Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma relação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
            As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração – e o desfazer -se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outros tomem o seu lugar.
            Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
            Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará envenenando, e nada mais.
            Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que são sempre adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
            Lembre-se que houve uma época em que podia viver aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixa de ser quem era, e transforme em que é.



terça-feira, 1 de agosto de 2017

Assédio Moral no Trabalho: sofrimento psíquico


Assédio Moral no Trabalho: sofrimento psíquico

Vivemos um tempo que muitos denominam modernidade tecnológica, que desenvolve-se numa proporção inavaliável do ponto de vista da produção do capital e da produção dos serviços prestados, por outro lado acompanhamos diariamente uma fragmentação nas relações de trabalho, que podem ser do líder (gestor, chefe, etc..) em relação aos seus liderados (trabalhadores), ou entre os próprios pares – entre os trabalhadores.
Dessa forma, os trabalhadores são cada vez mais exigidos pelas demandas de trabalho, por vezes, indo além do que seria uma carga de trabalho esperado para cada trabalhador no desempenho de suas funções. Por essas razões pode-se dizer que cria-se um quadro, uma linha muito tênue entre as exigências de trabalho e surgimento de situações de assédio moral no trabalho.
A partir dessa dinâmica de trabalho, nos propomos a discutir a questão do assédio moral no trabalho. Assim, define-se assédio moral como uma forma de violência no trabalho que consiste na exposição prolongada e repetitiva de trabalhadores a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes, praticadas por uma ou mais pessoas. Ocorre por meio de comportamentos com o objetivo de humilhar, ofender, ridicularizar, inferiorizar, culpabilizar, amedrontar, punir ou desestabilizar emocionalmente os trabalhadores, colocando em risco a sua saúde física e psicológica, além de afetar o desempenho e o próprio ambiente de trabalho.
O assédio moral no trabalho pode assumir tanto a forma de ações diretas (acusações, insultos, gritos, humilhações públicas), quanto indiretas (propagação de boatos, isolamento, recusa na comunicação, fofocas e exclusão social. No entanto, para que sejam caracterizadas como assédio, essas ações devem ser um processo frequente e prolongado.
Diante desse processo, quando o trabalhador não encontra forças para resistir e reagir a essas ações entra em cena o sofrimento e o adoecimento psíquico. É necessário que este tenha recursos psíquicos internos para lidar com esse sofrimento e buscar ajuda, o que nem sempre é a realidade de muitos trabalhadores, que por vezes entram num processo depressivo profundo indo até as últimas consequências, o suicídio.
Aos profissionais de saúde envolvidos, principalmente a nós psicólogos fica o desafio de conseguir ter acesso a esses trabalhadores em sofrimento e oferecer a ajuda necessária.


                                  Débora Lúcia de Souza e Silva


                                                         Psicóloga