terça-feira, 18 de outubro de 2011

Caminhada do Grupo Rede Cultura na Rua da ASSOBECATY-12.10.2011

Unindo esforços a equipe Rede Cultura na Rua realizou uma caminhada no dia 12 de outubro de 2011, que alguns do grupo chamaram de marcha, com o objetivo de percorrermos locais que os moradores do bairro costumam chamar de “vilinhas”, “becos”, que são ruas ou vielas periféricas às ruas principais ou avenidas. Iniciamos nosso percurso pela ruazinha situada na tranversal ao final da Wenceslau Fontoura, depois saímos na rua aos fundos da Escola Ruy Coelho.
Munidos de fichas cadastrais para possíveis interessados nos nossos microprojetos, alguns com recursos didáticos-atrativos próprios de seus focos de trabalho, como o Gringo que tocava berimbau, auxiliado
por outros membros do grupo que tocavam pandeiro, eu com a caixinha surpresa oferecendo crônicas, posteriormente encontramos a professora Zélia que trouxe a caixa de correios, para que quem quisesse enviar mensagem através da imaginação. O Loiola nos acompanhava com o carro de som, com as chamadas que cada um da equipe gravou para a chamada dos microprojetos. Fomos avançando pela Avenida Lupicínio Rodrigues, Osvaldo Jardim, até chegarmos na “vilinha”, que alguns moradores chamam de Invasão da BR
116, outros de Vila da Benção, lá fizemos o primeiro contato com os moradores. Alguns dos residentes do local, no início nos olhavam com um certo receio, outros foram muito receptivos.
Conversamos com as pessoas dessa comunidade, ouvimos suas necessidades e, o que nos chamou a atenção na fala de alguns é que contam que finalmente alguém lembrou que eles existem, porque o sentimento deles é como se não existissem, que alguns políticos em época de eleição passaram por lá por perto, mas nunca alguém entrou lá de fato e fez algo acontecer de verdade. Relatam que falta tudo em termos de infra-estrutura, que não existem para as redes de serviços de abastecimento (água, luz), que o esgoto é aberto e fica ao lado das casas. Uma moradora relata que houve uma época que tinha oferta de emprego que pagaria bem, mas tinha muito medo de deixar os filhos sozinhos, que estes fossem para rua e tivessem contato com drogas e outras atividades que seriam perigosas.
A medida que fomos conhecendo o local e que fomos sendo recebidos, o Gringo formou uma roda de capoeira, que reuniu principalmente crianças, mas não também contou com adolescentes e alguns pais e responsáveis. Esse foi um momento de bastante mobilização do grupo em todos os sentidos, sentimos emoção e satisfação de estarmos levando algo a uma comunidade esquecida e tão cheia de necessidades,
principalmente o sentimento de pertencimento, de reconhecimento como sujeitos de desejos de necessidades, enfim cidadãos como qualquer outro na condição de ser humano. Ao final dessa atividade ficou combinado que voltaríamos, que o Gringo viria com a capoeira no sábado por volta das 14 h e as pessoas que quisessem nos acompanhariam até a Praça da Lupicínio, para participar das atividades propostas pelo Grupo Rede Cultura aos sábados.
Após, no meio da tarde percorremos a Rua atrás da Escola Aglae Kehl, que é chamada de Rua dos Pinheiros, depois seguimos mais adiante entramos também em outra Rua denominada de Esperança, que ao seu final, na curva fica a Escola Santa Rita. Nestas duas últimas comunidades que percorremos, percebemosque as condições de infra- estrutura urbana são melhores, as pessoas que conversamos a maioria
trabalha em empregos formais e este é um dos motivos que alguns não poderão participar das oficinas dos  microprojetos, por terem uma carga horária de trabalha já fixa. Os jovens que conversamos apontaram
que uma das principais dificuldades do local, são pessoas que não são estudantes das escolas e ficam na volta das mesmas, fumando e talvez bebendo, oferecendo riscos para aqueles que realmente estão no colégio
para estudar, que isso causa medo nas famílias do entorno.
Outro ponto que nos chama bastante a atenção em todos os locais que passamos é que muitas pessoas apontam a necessidade de atividades para crianças, que seriam nosso público-alvo secundário nos microprojetos. Algumas mães até demonstraram interesse de freqüentar algumas oficinas e também colocar seus filhos em outras, mas umas não tem quem ficaria responsável por levar ou trazer, outras trabalham de igual forma em horários cheios, o que inviabiliza a freqüência nas oficinas. Outra observação que pudemos fazer são alguns espaços ociosos ou mal aproveitados na comunidade, como associações de rua ou de bairro, ctgs, etc, ou mesmo o campo de futebol pouco aproveitado como espaço social, de formação cidadã.
De tudo que pudemos observar ao final desta atividade é, que temos muitos desafios pela frente, que a cada abordagem com a comunidade vemos novas necessidades, o que nos faz pensar que temos que estar sempre repensando, reformulando nossas estratégias de ação.

                                         Débora Lúcia de Souza e Silva
                                             Psicóloga -CRP 07/15877

2 comentários:

  1. Ação de rua executada pelo Grupo Rede Cultura na Rua da ASSOBECATY no dia 12.10.2011, percorreu lugares pitorescos ( chamados de "becos","vilinhas") dos Bairros Santa Rita e Cohab de Guaíba/RS. Esta equipe integra os oito microprojetos do Programa Mais Cultura (MINC) e Ministério da Justiça, através do Pronasci nos territórios da Paz, na foto do topo estão Edison (Gringo) da Capoeira, Greice Oliveira da Equipe de Jovens da Divulgação,Carmen Lucia Oliveira do Jornal/Escrita do Bairro, Denise Flores do Desafio na Web, Débora Lúcia de Souza e Silva, do projeto Crônicas-produção cultural da droga e Tania, colaboradora do grupo.Na foto abaixo a professora Zélia ( de camiseta azul) do projeto contação de histórias-criação de personagens, nesta foto já estamos no local conhecido como Vila da Benção (entre Cohab e BR 116-Guaíba/RS).

    ResponderExcluir